“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”
- Felipe Ottone

- 9 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Esta frase, inscrita na entrada do antigo Oráculo de Delfos na Grécia, tornou-se não apenas uma pedra fundamental do pensamento filosófico, mas permanece há milênios no imaginário humano como uma fascinante mensagem, curta e repleta de conhecimento, talvez pelo fato de responder tão pura e simplesmente a esta profunda necessidade humana, a de se reconhecer.

Pode ser que tenhamos nos mantido sempre à procura de respostas mais complexas, extensamente explicadas com termos que parecem ultrapassar a capacidade de compreensão, na realidade termos que confundem a verdadeira compreensão.
Talvez nosso sistema de raciocínio cerebral tenha já nos convencido de que no simples não devem estar as respostas às grandes perguntas que nos acompanham.
Conhecer a si mesmo... desde Sócrates até o cotidiano de nossos dias parece se manter como um convite constante que nos suscita a nobre tarefa de nos tornarmos quem realmente somos.
Seria então um convite ou uma convocação?
Muitos são os momentos de nossas vidas que nos deparamos com esta latente necessidade. Sejam nos processos de escolhas, nas tomadas de decisões, vezes em que percebemos de modo claro o convite a ser quem se é, e para tal a necessidade de conhecer então quem verdadeiramente somos.
O desejo pela maternidade, o querer se tornar pai e mãe, a vontade de se ter filhos, sentida por tantos casais, acaba por suscitar essas questões acerca da própria existência… ao pensar e repensar a ideia de família, o senso de continuidade de sua história, a busca por um novo sentido…
Porém, nem sempre este querer vem acompanhado da imediata realização e a feliz chegada de um filho!!
Nesses momentos nos deparamos com aspectos que muitas vezes se mostram ainda incompreensíveis, aos quais chamamos de angústia, ansiedade, o próprio sofrimento... talvez, então, seja a própria convocação ao conhece-te a ti mesmo.
Nesse contexto, nos deparamos com várias possibilidades, e aqui me atenho à Psicoterapia... aquela que surge da própria Filosofia, talvez como uma forma concretizada em cumprimento a este antigo convite dos gregos, não como o oráculo de outrora, mas quem sabe como o local do possível encontro com quem tanto buscamos para nos dar as respostas, nós mesmos.
Mas afinal, como seria possível, dessa forma simples, conhecer o Universo e os Deuses?
Devemos admitir que se trata de uma proposição simples, entretanto, sem dúvidas não consideramos uma tarefa fácil.
É natural buscarmos sempre fora a marca de nossa existência. Mas pode ser que não tenhamos nos dado conta, que nesse movimento externo, por vezes nos perdemos em tudo aquilo que são os outros, nas formas e conteúdos daqueles que não somos nós.
Mais uma vez surge o convite ou a convocação: conhece-te a ti mesmo!
Um processo que nos leva a ser indivíduos, e nesse momento, quem sabe, nos damos conta da individualidade da nossa existência, única e irreplicável.
A essas alturas a sintonia que se estabelece entre nós e nossos desejos poderá dar forças, a própria força da vontade, para que se possa enfrentar os processos que se apresentam. Poderá, então, começar a nascer a vontade de olhar para o universo, e nesse instante, sentindo a força de se saber quem se é e a importância contida nesta descoberta torna-se possível encontrar ainda algo de sagrado, que certamente habita neste ser que temos o privilégio de conhecer, Si-Mesmo.




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